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Wallace Morais. Foto: Arquivo pessoal.

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Morador do Jardim Dona Sinha, zona leste, Wallace Morais de Souza, 34, atua como fotojornalista e comunicador comunitário nas periferias de São Paulo. Estudante de escola pública, enxergou desde cedo o impacto que o ensino de qualidade tem na vida de jovens economicamente mais frágeis.

Atualmente ele é educador no centro social sem fins lucrativos Nossa Senhora do Bom Parto. Paralelamente, trabalha como capacitador profissional de jovens e adultos no CEDESP (Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo) em São Mateus e participa como coordenador de cobertura jornalística e informativa na Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança.

Apesar de não ser formado em jornalismo, considera-se apaixonado pela área e acredita ter sido escolhido para fazer comunicação comunitária e encontrou na fotografia o espaço para se expressar e dar voz para aqueles que antes estavam silenciados.

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PAIXÃO PELO JORNALISMO E O GRITO DE SOCORRO DAS FAVELAS

A vida surpreendeu Wallace com a presença do jornalista César Gouveia, criador do projeto “Vozes das Periferias”. O educador e mestre faz parte da equipe de voluntários que integram o projeto, e por meio de iniciativas sociais como esta, ele pode capacitar novos sucessores. Já conseguiu formar aproximadamente 10 turmas e ainda pretende formar muito mais. Para ele, esta experiência trouxe aprendizado e abriu espaço para que pudesse se expressar por meio da comunicação.

Outra personalidade importante na vida de Wallace, foi “Betinho casas novas”, um fotojornalista do Rio de Janeiro que pertence ao projeto “Vozes da Comunidade” no Complexo do Alemão. Betinho ensinou técnicas de fotografia e filmagem para Wallace e incentivou o fotojornalista a exercer esta função ao dar o primeiro microfone que tinha utilizado no início de sua trajetória. A frase dita pelo fotógrafo carioca “vai lá, começa como eu comecei” ainda ecoa na mente do comunicador social paulistano que coloca em prática os ensinamentos adquiridos.

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“Fotografia e um instrumento que eu tenho para contar histórias, histórias boas, histórias de luta, histórias de pessoas que conseguem sobreviver neste mundo desigual e cruel que a gente tem”.  Foto: Wallace Morais / Vozes das Periferias.

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O INSTANTE DECISIVO

O termo apresentado pelo pai do fotojornalismo Henri Cartier-Bresson (1908-2004) define o momento no qual acontece a união da técnica com a essência do fotógrafo. O instante decisivo de Wallace ocorreu durante uma ação realizada por um dos coletivos em que participava. Por meio deste episódio, ele observou como a fotografia é capaz de criar narrativas únicas e transformadoras.

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                                       Foto: “O instante decisivo” de Cartier-Bresson.                   Foto: Wallace Morais / Arquivo pessoal.

 

O abismo social que separa a trajetória percorrida por Cartier e o caminho ainda trilhado por Wallace é transposta diante da paixão e talento de ambos pela fotografia. O fotógrafo francês acreditava que “fotografar é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração”. Já para o fotógrafo brasileiro, fotografar é isso e muito mais, através da fotografia ele pode mudar a visão estigmatizada que as pessoas possuem com relação aos bairros carentes, e mostrar que na favela também há alegria, favela não é carência e sim, potencia!

O antigo fotógrafo de eventos, agora apresenta-se como locutor de histórias dentro do seu próprio coletivo. Wallace acredita que a fotografia é uma “ferramenta de transformação social” e por meio da câmera ele traça uma nova identidade e modifica a perspectiva do cenário onde vive.

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